21.10.03
10.10.03
ENTENDIMENTO
à menina em paris
Podia dizer que me lembro bem dos beijos que nunca demos. Mas não, vou antes falar-te do entendimento, conceito tão do agrado dum grego cujo nome me não ocorre. O entendimento é bom. Gosta-se. Há pouco pensei o seguinte: moído mas mais feliz! A moagem é um processo secular. Envolve todas as lágrimas que juntarmos e todos os saberes que juntarmos e todos os beijos que nunca dermos, e depois, como que por milagre, olha-se mais uns segundos apenas para o corpo que nos está defronte e apetece-nos de imediato um abraço que traga um aperto nos olhos bem abertos mas fehados e solenes.
O café está com poucas pessoas. Fala-se sobre assuntos já ocorridos e sobre assuntos ainda não ocorridos. Sinto a falta de qualquer coisa. Olho para o meu lado esquerdo e vejo-te e vejo que estás linda, não me surpreende a surpresa que me causas sempre e depois pronto embarco rumo à cidade dos edifícios que ornamentam os cantinhos da minha memória desde que me conheço e então inspiro e percebo que sim, é isto.
4.10.03
JOHNNY MEETS COMMY
Johnny não é Jonhy. E o entardecer às vezes esgota a pinta e pisca o olho mas não se repara. Quando se repara não se pega num cigarro nem se arrisca olhar para o lado. Em Paris as canetas mais gastas do Johnny encontram-se com os devaneios do amigo fictício do meu irmão mais novo, o Comi, ou será que sempre foi Commy? Uma maçã amarela mais o Solnado num fim de tarde à beira-mar. Falam sobre o azul.
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