19.5.04



ao trigésimo desnorte far-te-ás ao vento

ao final do dia penso no final dos dias cansados
de mim e de todos, os dias levantados da sombra
que não sabemos determinar, os dias pintados
das cores que não temos nem somos. regresso
pelo caminho de um campo lento, medindo
os passos e as palavras e os pássaros
dizem-me então, muitas vezes, vai
lá embora daqui! fecho os olhos
nas passadeiras que atravesso,
digo que sim, vou, e depois
choro e depois rio e
depois não.

14.5.04



Oh

Oh! Mas que coisa mais linda!

10.5.04



aos causídicos da lindeza

penso pensar dispersivamente ao ralhar substantivos
logo intervalados pelos dados assim lançados pelo sono
das vozes apressadas que buscam querenças
de súplicas entrelaçadas de hortênsias razoavelmente
polidas e desconhecem o imo inimitável das coisas
acontecidas ao ritmo do infecto de remansos desatino.

como quem não quer a coisa adoço o passo
que mais não posso e olho no traço de um vesgo braço
um derradeiro juízo e lembro-me bem, agora sim:
rua da grande liberdade, número plim.