27.2.04



um insecto engavetado

Eu sou o insecto que estremece
na teia que teces como ninguém.
Sou eu que ansiosamente aguardo
a voracidade que me é merecida.
Nesta parte de mim que desconheces
teço as conjecturas várias que se me põem.
Daí que só o brilho intenso do teu olhar
afague este desorientado simulacro,
como se me percebesses...
Daí viver em constante fervilhar,
teorizando sobre os estímulos corporais
que em resposta à tua presença acontecem.
Manifestando obsessivamente inquietudes,
querendo perceber o que de mim percepcionas.
Sem ter tempo para ser simples.
Para te dar um beijo.
Gostando inteiramente de todos os teus pedaços...

Sem comentários: