15.7.04



meu amor não é tarde

meu amor não é tarde nunca para te dizer que as ruas
estão falecidas e as pessoas recolhidas do vento que sopra
das folhas caídas que assobiam músicas distantes
e frias e que eu não tenho sono não consigo

os regressos a casa fazem-se pelos caminhos dos passos
que ficaram por dar
engendra-se demoradamente um súbito recanto ao luar
onde duas pessoas se olham e beijam

são as noites que me recordam as tardes
que julgávamos sem fim as manhãs em que nos deitávamos
e nos deixávamos assim ficar um outro de nós

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